Etnomatemática da Marimba: instrumento etnográfico da província de Malanje em Angola

Autores

  • Manuel Neto Matos Osório Nelo Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD)
  • Armando Assunção Soares Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD)
  • Paula Catarino Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD)

Palavras-chave:

Etnomatemática, Identidade cultural, Relações matemáticas, Marimba, Volume, Área, Ethnomatematics, Mathematical relations, Area.

Resumo

Resumo
O presente artigo tem como objetivo identificar relações matemáticas associadas ao instrumento musical designado por Marimba, um artefacto de madeira e cavaletes de ferro, construído em três aldeias na província de Malanje, em Angola. Foi feita uma análise à forma como se constrói este instrumento de modo a identificar algumas relações matemáticas subjacentes à sua construção. Usamos o método etnográfico na recolha dos dados, por via de observação direta, entrevistas semiestruturadas aos artesãos, recolha fotográfica das Marimbas, vídeos relacionados com a sua construção, afinação e com toda a envolvente neste processo. As aldeias selecionadas são – a aldeia “Caiongo” e a aldeia “Eucalipto”, situadas, ambas, na região de Calandula e a aldeia de “Mufuma” localizada na região de Kiwaba Nzogi. Estas aldeias foram as selecionadas por serem as comunas (termo utilizado para designar o terceiro-nível de unidades administrativas em Angola depois dos municípios) que mais constroem a Marimba na província de Malanje. A análise feita aos elementos – cabaças e teclas – utilizados na sua construção possibilitaram identificar algumas relações matemáticas relacionadas com a sua área e volume. As relações entre as áreas e os volumes encontradas mostram diferenças entre o tamanho destes elementos constituintes da Marimba de uma região para a outra. Este tipo de estudo, utilizando instrumentos como este e outros, podem ser introduzidos em sala de aula de modo a motivar os alunos para a aprendizagem de conceitos matemáticos em sala de aula, mostrando a sua a aplicação à realidade que lhes é muito próxima e que, sem dúvida, poderão contribuir para a promoção de uma identidade cultural que não deve ser esquecida de geração para geração.
Abstract
This article aims to identify mathematical relations associated with a musical instrument called Marimba;, it is a wooden artefact and with iron trestles, built in three villages in the province of Malanje, in Angola. We did an analysis of how to build this instrument in order to identify some mathematical relationships underlying the construction. We used the ethnographic method of data collection, through direct observation, semi-structured interviews with crasmen, a photographic collection of Marimbas, videos related to their construction and, tuning and we studied this process in three villages of this Angolan’s province. e selected villages are - the village "Caiongo" and the village "Eucalyptus", both located, both, in the region of Calandula and the village “Mufuma” in the Kiwaba Nzoji region. ese villages were selected because they are the communes (term used for the thirdlevel administrative units in Angola aer the municipalities) to build more Marimba in the Malanje province. e analysis of the elements - gourds and keys - used in its construction made it possible to identify some mathematical relationships related to their area and volume. e relationship between the areas and volumes found show differences between the sizes of these Marimba elements from one region to another. is type of study, using tools like this and others, can be introduced in the classroom to motivate students for learning mathematical concepts, showing its application to the reality that they are very close and that, no doubt, can contribute to the promotion of a cultural identity that should not be forgotten from generation to generation.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Manuel Neto Matos Osório Nelo, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD)

Mestre pelo Instituto Superior de Ciências Educativas de Odivelas, Odivelas, Portugal. Professor de Matemática na Escola Superior Politécnica de Malanje (ESPM), Cidade de Malanje, Angola. Estudante do Doutoramento em Didática de Ciências e Tecnologia da Universidade de Trás-osMontes e Alto Douro (UTAD), Portugal. Email: osorio0092@gmail.com

Armando Assunção Soares, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD)

Doutorado em Física pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Vila Real, Portugal. Professor auxiliar do Departamento de Física da Escola de Ciências e Tecnologia da UTAD, Vila Real, Portugal. Email: asoares@utad.pt

Paula Catarino, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD)

Doutorada em Matemática pela Universidade de Essex, Colchester, Reino Unido. Professora Associada do Departamento de Matemática da Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Portugal. Email: pcatarin@utad.pt

Referências

Borba, M. C. (1993). Etnomatemática e a cultura da sala de aula. A Educação Matemática em Revista, 1 (1), 43-58.

Blanco-Álvarez, H., & Parra, A. (2009). Entrevista al profesor Alan Bishop. Revista Latinoamericana de Etnomatemática, 2 (1), 69-74.

Catarino, P., Costa, C., & Nascimento, M. (2014). Etnomatemática de um artefacto de latoaria do nordeste transmontano português: a almotolia. Revista Latinoamericana de Etnomatemática, 7(1), 126-154.

Dias, D., Costa, C., & Palhares, P. (2015). Sobre as casas tradicionais de pau-a-pique do grupo étnico Nyaneka-nkhumbi do Sudoeste de Angola. Revista Latinoamericana de Etnomatemática, 8 (1), 10-28.

D'Ambrosio, U. (1990). Etnomatemática. São Paulo, SP: Editora Ática.

D'Ambrosio, U. (1993). Etnomatemática: arte ou técnica de explicar e conhecer. 2.ª Ed. São Paulo: Ática S.A.

D'Ambrosio, U. (1996). Globalização e Multiculturalismo. Blumenau: FURB.

D'Ambrosio, U. (2005). Sociedade, Cultura, Matemática e o seu Ensino. Educação e Pesquisa, São Paulo, 31(1), 99-120.

D'Ambrosio, U. (2015). Etnomatemática: elo entre as tradições e a modernidade. 5.ª Edição. Belo Horizonte. Editora Autêntica.

Ferreira, S. (1997). Etnomatemática: uma proposta metodológica. Rio de Janeiro: Universidade Santa Úrsula.

Gerdes, P. (1993). Geometria Sona, reflexões sobre uma tradição de desenhos em povos, cultura, matemática, educação. Maputo: Instituto Superior Pedagógico.

Guerra, D. (2009). Entrevista Matchume Zango. Revista África e Africanidades, 2 (6). Disponível em http://www.africaeafricanidades.com.br/documentos/Entrevista_com_Matchume_Zango.pdf. Acedido em 27 novembro de 2016.

Knijnik, G. (1996). Exclusão resistência: educação matemática e legitimidade cultural. Porto Alegre: Artes Médicas.

Meyer, J. F. C. A., Caldeira, A. D., & Malheiros, A. P. D. S. (2011). Modelagem em Educação Matemática. Belo Horizonte: Autêntica.

Rosa, M., & Orey, D. C. (2006). Abordagens atuais do programa etnomatemática: delineando um caminho para a ação pedagógica. Bolema, 19 (26), 19-48.

Scandiuzzi, P. P. (2003). A etnomatemática e a formação de educadores Matemáticos. In: A. C. Frasseto & M. A. Granville (Orgs). Tópicos de Educação (pp. 131-140). São José do Rio Preto - SP: Rio-pretence.

Wane, M. (2010). A Timbila chopi: construção de identidade étnica e política da diversidade cultural em Moçambique (1934-2007). (Tese de mestrado). Universidade Federal da Bahia. Salvador. Brasil.

Publicado

2017-03-15

Como Citar

Osório Nelo, M. N. M., Assunção Soares, A., & Catarino, P. (2017). Etnomatemática da Marimba: instrumento etnográfico da província de Malanje em Angola. Revista Latinoamericana De Etnomatemática, 10(1), 6-20. Recuperado de https://revista.etnomatematica.org/index.php/RevLatEm/article/view/381

Edição

Seção

Artigos de pesquisa